Virgílio, meu pai
Meu pai era Virgílio
Não aquele dos romanos Poeta de altos planos Mas o nascido em Cachoeiro de Itapemirim Descendente de alemães Criado entre aldeãs Uma delas sua mãe Meu pai saiu um dia E se alistou na expedição Dos que iam lutar na guerra Enfrentou em seu navio A perseguição do inimigo Depois foi para o Rio de Janeiro A soberba capital Trabalhar noite e dia Sem nada especial Atendente de mercado Ou outra ocupação Que pudesse fazer Com a força de suas mãos Virgílio meu pai Passou pelo mundo Como passam os que trabalham Lutando pela vida Acreditando num dia melhor Pegando as migalhas Deixadas pelo capital Sorrindo de vez em quando Me deixou como herança Os mesmos olhos azuis Com os quais saúdo o novo dia Olhando o azul de céu Catando poesia Entre a poeira da rua Também tento pegar Minhas migalhas Sorrindo de vez em quando Saudando a Virgílio Meu pai
Paulo Luna
Enviado por Paulo Luna em 12/08/2022
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