No jardim das palavras
No jardim das palavras
As papoulas de vidro Entornam luz Sobre margaridas ácidas Que são devoradas Por formigas de osso Que engolem folhas Que se transformam Em palavras de chumbo Onde as rosas de éter Soltam perfume oleoso Que escorre sobre a grama E aduba o sangue Amarelo das margaridas Entre as ostras que crescem Sorrindo e distorcidas Adocicadas pelo mel Que desaba dos girassóis No jardim das palavras Vai se tecendo sem pudor A nudez das catacumbas Enquanto o jardineiro Se dissolve em pétalas Tirando de cada flor Um verso estilhaçado Para oferecer sem cor Ao banquete das caveiras
Paulo Luna
Enviado por Paulo Luna em 23/06/2022
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