Havia um lago profundo
Havia um lago profundo
De fundas e longas miragens De incertas margens Que se alongam quando se estreitam Que crescem quando se cala A voz que de espanto grita No abandono em que fica As sombras que em cantos espreitam Não falar da morte Ou falar da morte O dia em que meus pés Não beijarão mais A vereda das flores Nem o lírio das cores Festejarem em meus olhos A calma luz do sol Mas o ar me enche De uma ilusão de pedra De vir o vento Voltar a chuva O pássaro azul Cantar seu sonho no muro O sol palmilhar as folhas O rígido perfume das inconstâncias O bailar flutuante das nuvens Que sei eu da morte afinal Se nem ao menos sei Quantos átomos enchem O vazio do precipício
Paulo Luna
Enviado por Paulo Luna em 25/04/2021
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