Cidade
Garganta coalhada de desejos
Filas de dromedários azuis Riso nervoso de tatus Túneis que só levam A outros túneis que levam A outros túneis Cidade Arfante elefante de cimento Erguida sobre o barro dos cadáveres Não há horizonte em tuas faces O ar é de chumbo E o vento tempestade Cidade Quem te ergueu não sabia Que te estava erguendo Cada pequeno pedaço parecia Um pequeno ladrilho amarelo Cidade Cada dia em teu breu arde O fogo de infames fogueiras E os restos dos que te engalanam Cidade Da maravilha que te pintam Só sobram os ratos mortos Cidade Túmulo vivo para milhões de tortos
Paulo Luna
Enviado por Paulo Luna em 05/04/2021
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