Desejo
Ai que se eu pudesse ter-te
estranha e nua e rasgar-te a carne e penetrar em teu ventre suado e vermelho a dilacerar-me o corpo verter em sangue as unhas e o ventre ereto abrir-te o seio e ver-te a alma e as terras de antes ouvir-te os gritos e os gemidos de dor fome e ódio de um povo massacrado ferir-te as coxas com os dentes trincados cansar-te o ouvido com poemas eróticos e versos sujos e toda a história de uma gente sofrida Esquecer minha boca em todos os teus poros buscar tuas feridas e cicatrizá-las com minha língua em brasa romper os pulsos e as veias num abraço ensanguentado e morrer
Paulo Luna
Enviado por Paulo Luna em 17/10/2007
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