O que seria de mim
O que seria de mim
Sem as asas que eu não tenho Tenho o jeito de desleixo Lixo acumulado no varal Oh, tempo, tempo Por que são tão rudes tuas querências Matas-me assim, lento ou rápido Um cheiro que não é de jasmim É só o ocre do cobre Lambendo as ruas de algazarra Ai meu poema É duro atravessar a rua Olhar nos olhos Do inimigo com gosto de hortelã O que sei eu da vida afinal Vi minha vó varrendo o quintal Um tiro furando, de Lampião, o bornal Vi tudo e nada num cortejo de ilusão Um anão com cabeça de gigante Ostras frescas lambendo sabão O poema, esse concreto Overdose de sintaxe Brilho no olho O poeta, esse que passa Quem sabe quantos versos Faltam para o poema final?
Paulo Luna
Enviado por Paulo Luna em 09/05/2020
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